Aprendizados de uma Viagem – Parte III

Se você trabalha com varejo e comércio, precisa entender algo: a forma como você atende seus clientes está diretamente ligado com seu sucesso.

Comecei assim pois em Maragogi – AL e Porto de Galinhas – PE, tivemos os três tipos de atendimento: aquele que impressiona, aquele que você nem lembra e aquele que decepciona. É disso que se trata esta última parte da história.

Em Maragogi você tem acesso a uma realidade brasileira que ouvimos bastante a desigualdade. Longe de tentar problematizar (até porque não acho que a desigualdade seja o maior problema), a verdade é que lá você vê esta diferença latente bem na sua frente. Em uma rua você tem casas gigantescas e lindas e, ao virar a rua estreita você se depara com o que mais parece uma favela das grandes cidades. Maragogi tem praias que parecem fotos de cenas de filmes hollywoodianos e casebres que lembram filmes brasileiros. A pobreza e a riqueza andando lado a lado, dividindo a mesma vista maravilhosa para águas que parecem um resquício do paraíso.

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Ficamos na pousada Sol & Mar, uma pousada confortável, com atrativos bem legais (próximo a praia, animais, restaurante), mas que com absoluta certeza poderia ser mais rentável e encantadora.

Veja, não que ela seja ruim, mas é que o atendimento que recebemos foi sempre recheado de uma espécie de indolência, de indiferença, de apatia que não é comum no meio do turismo. Não que eles atendessem mal, mas é que…sabe quando não parece profissional? Então…

Talvez até seja essa a ideia do lugar mesmo e eu que não entendi a dinâmica, mas a verdade é que a apatia é meio que o padrão dos atendimentos no local. Quem está acostumado com Gramado-RS, onde o atendimento é sempre uma oportunidade de encantar (e 90% das vezes muito bem aproveitada), estranha bastante a forma com que é comum ocorrer o processo de venda local.

Em uma das ocasiões, fomos a um outro restaurante (não vou citar o nome) próximo da Pousada. Era por volta das 14h30min quando chegamos. Pedimos uma porção e um prato local (peixe, minha esposa ama peixe), levou mais de 50 min. Mas ok, estávamos de férias, passeando sem pressa. O restaurante não estava cheio nem nada, estávamos de frente à praia, tudo certo. Mas, mesmo sem o stress comum em grandes cidades ou quando estamos no dia a dia de trabalho, o mínimo que esperamos é uma explicação, uma desculpa, certo? Pois é. O problema é que mesmo com toda a demora, não recebemos nem um pedido de desculpa. Mas o pior estava por vir. No arroz que acompanhava o prato minha esposa (que tem olhos de águia para estas coisas) encontrou um cabelo.

Quem me conhece sabe que não poderia ser meu (rs). Educadamente, chamei o garçom e expliquei. Ele pegou o prato e levou para a cozinha. Veja, ele fez o esperado mas não pediu uma desculpa, não se mostrou empático conosco, não ofereceu nada para diminuir o problema causado. Talvez se ele soubesse que minha esposa trabalhasse na vigilância sanitária teria ficado mais preocupado, mas a questão é: O CLIENTE É O QUE IMPORTA.

Quando um cliente tem uma experiência ruim ele não volta e, pior, grava aquilo e repassa aos amigos. Uma experiência ruim pode ser revertida mas só se houver engajamento, se essa for uma prática prioritária e fizer parte da política do lugar. Infelizmente, ali não era. Não houve desculpas, não houve desconto, não houve nem um suco de abacaxi para dizer: “Veja, sentimos muito que isso tenha ocorrido, sabemos que esse mimo não resolve o problema, mas queremos que vocês saibam que nos importamos com vocês.”, nada.

Infelizmente essa não é uma realidade apenas em Maragogi. Aqui em Caçador-SC, em Arapongas-PR onde vivi por dois anos, em Recife, em Porto Alegre e em todo o lugar, diversos estabelecimentos perdem clientes diariamente por não entenderem que empatia é parte da metodologia do encantamento. Sem encantar seu negócio não irá durar.

Ainda em Maragogi fizemos um passeio até as piscinas naturais. É algo incrível. Você vai até o meio do mar e lá tem acesso a piscinas de água transparente onde se pode nadar com peixes e ver os famosos corais. Foi muito legal. O preço um pouco salgado mas valeu a pena.

Durante o passeio uma pessoa fica tirando fotos que, caso você queira, pode adquirir ao final do passeio por um precinho (segundo ele) pequeno. Veja, nada contra a ideia e a proposta, que é legal e interessante, o problema é, mais uma vez, o atendimento e a visão de negócios.

O sistema funciona assim, a pessoa tira as fotos, eles se esforçam para que os peixes apareçam perto de você e etc. Ao final do passeio, as fotos são colocadas em um computador com windows xp para que você possa ver e decidir se quer levar. O custo é de R$60 por mais ou menos 30 fotos do casal. Preço até que ok, cerca de R$2 por foto que podem vir no DVD ou serem enviadas via e-mail. O problema é que as fotos não eram todas do casal, algumas eram gerais (foto padrão) e a qualidade muito, mas muito, baixa. Olhamos uma a uma e conseguimos achar 2 fotos que ficaram boas. Tentamos negociar porém, sem sucesso. “Não posso vender separado.”. Minha esposa e eu conversamos e decidimos comprar, porém, não aceitavam cartão. Isso mesmo, não aceitavam cartão! Nem para o passeio, nem para as máscaras de mergulho, nem para as fotos…nada de cartão de crédito, só aceitam cash!

Eu não sei o que ocorre com uma cidade que tem sua principal receita advindo do turismo e que se nega a evoluir e oferecer ao cliente facilidades para aproveitar aquilo que lhe é oferecido.Em um passeio em alto mar levar dinheiro é um tanto quanto arriscado (para dizer o mínimo). Diversos casais tiveram a mesma reação ao descobrir que só se aceitava dinheiro.

O contraste com Porto de Galinhas ficou bem evidente (vou falar já já de lá). Saímos frustrados pois teríamos que ir logo para Porto de Galinhas e não poderíamos ter as fotos. No fim ficamos apenas com as que tiramos, que eram melhores que as do fotógrafo.

O que me pergunto é: Porque não negociar? Porque não oferecer um sistema em que você pode comprar foto a foto? Qual o valor das fotos que você já tirou e não foram vendidas? O que além de enviar para a lixeira do PC ele poderá fazer? No meu ver, é o mesmo pensamento antiquado que donos de imóveis, por exemplo, tem ao ofertar uma sala ou casa por um aluguel elevado e ficarem com o mesmo sem inquilinos por vários meses. Um pensamento mais adequado me parece o de reduzir o custo e permitir que haja giro contínuo e menos prejuízo. São ideias…apenas ideias.

Em Porto de Galinhas encontramos um lugar totalmente preparado para o turismo. A estrutura da cidade, a variedade de ofertas e opções mostra que houve um envolvimento de diversas partes para que o Turismo funcionasse. E funcionou.

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Ficamos na pousada Maracabana, de frente pro mar e com um atendimento incrível. Nosso quarto estava preparado com boas vindas e rosas, como minha esposa havia pedido, ainda ganhamos uma champagne para comemorar nosso aniversário de casamento. Tudo perfeito.

Veja, é isso que eu tenho dito: ENCANTAMENTO. Basicamente é fazer um pouco a mais, ir além daquilo que se espera, tipo isso:

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Essa é a forma de marcar a história das pessoas que entram em contato com sua marca, empresa, produto. É a forma de ser diferente de verdade, de aumentar seus negócios e vendas: encantar.

Fomos encantados em ambos os lugares. Em alguns pelas belezas naturais em outras pelo atendimento especial. Sim, em Porto de Galinhas tive uma experiência ruim em uma Hamburgueria (conto disso em outro momento), mas também tivemos boas experiências e aprendemos mais sobre nosso país e como ainda temos melhorias a desenvolver.

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O melhor marketing ainda segue sendo a junção de planejamento e execução, sem esquecer que o principal objetivo de seu negócio deve ser o de encantar aqueles que te geram receita, ou seja, seus clientes.

Anunciar, gritar, panfletar, patrocinar postagens…tudo isso tem seu valor e podem ser ferramentas para o marketing sim. Mas se seu cliente não estiver no centro, se ele não for o foco de seu planejamento, seu marketing será apenas como essa grande Kombi branca e velha, com grandes caixas de som que fazem um barulho absurdo e não encantam ninguém.

Ainda em Porto de Galinhas tivemos uma experiência incrível com a Scuba Dive . Atendimento incrível, experiência maravilhosa e ainda por cima GANHAMOS AS FOTOS! (lembra que em Maragogi queriam nos cobrar? Pois é…)


Foi um mergulho com cilindro onde podemos ir a 4 metros de profundidade. Não é muito, mas já serviu pra nos apaixonarmos pela experiência e querer repetir. Menos de 01 dia depois, as fotos estavam em nosso e-mail para que pudéssemos guardar para sempre a lembrança daquela experiência. Show né?

Além da aula dinâmica de segurança e das instruções com pessoas que visivelmente amam seus trabalhos, Eduardo, nosso instrutor durante o mergulho, foi atencioso, educado, cuidadoso e muito legal. Se você for até Porto de Galinhas, faça!

Saímos encantados e maravilhados com essa experiência incrível. O sentimento de ser encantado gera automaticamente gratidão e ela, por sua vez, nos faz contar, anunciar e divulgar aquilo que vivemos. É assim que é o marketing de verdade, ele encanta, gera uma experiência inesquecível e produz a melhor propaganda que se pode ter que é seu cliente falando bem de você.

Bom, era isso. Ainda teria que falar sobre a pegadinha do seguro da Budget, banco 24h que fechava as 22h, a Hamburgueria que tinha uma ótima propaganda mas não sabia atender, a placa escondida e as boas surpresas do atendimento, gastronomia e um povo educado que já entendeu como o Turismo é bom para todos, mas isso fica para uma próxima vez.

Quer saber como encantar seus clientes? Eu posso ajudar 😉
e-mail: djeisonmor@gmail.com

 

 

 

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Aprendizados de uma Viagem – Parte I

Recentemente encerrei um grande projeto que deveria durar 6 meses mas se ampliou para 24 meses. Foi uma fase incrível da minha vida, aprendi muito, conheci gente maravilhosa e conheci gente medíocre também, fiz amigos e tive a oportunidade de desenvolver muita coisa legal. Quando chegou ao fim, decidi que iria tirar um tempinho de folga, umas “férias” antecipadas.

Este período culminou com o mês do meu aniversário de casamento, sendo assim, minha esposa fez todo o planejamento para irmos para o Nordeste. Nestes 3 anos de casados já visitamos São Luís – MA, Gramado – RS, Lages – SC (foi um ano de crise financeira, rs) e, neste ano, fomos para Porto de Galinhas – PE e Maragogi – AL. Neste artigo quero expor alguns aprendizados e visões que tive durante a viagem com relação ao marketing (óbvio).

Fomos de Caçador – SC até São Paulo para pegar o avião. Algo que percebemos durante a viagem é como o sistema de pedágio é irritantemente desvantajoso ao usuário comum. Na prática, você acaba querendo colocar um “Sem Parar” justamente para evitar ter acesso com aquilo que parecem filas bancárias (só que para carros e caminhões). O problema é que, sempre que você percebe a necessidade de ter um “Sem Parar” você não encontra alguém vendendo. Foram 9 pedágios até nosso destino em São Paulo e nenhum vendedor do produto que poderia agilizar nossa viagem. É como se a concessionária, dona dos pedágios, entendesse a importância de criar a necessidade de seu produto (ao deixar filas e mais filas crescerem com poucos atendentes) mas ignorassem a importância de ofertar o produto necessário no local.

Isso me lembra uma ida ao BK onde a temática foi muito parecida. Havia fila por um produto em lançamento. O gerente mais que depressa ordenou que os atendentes fossem tirar os pedidos ainda na fila, tornando a experiência do usuário muito mais agradável. Claro, no shopping, o Burger King tem diversos concorrentes, já no pedágio…

O que é ignorado nesta questão dos pedágios (e em diversas outras) é justamente a experiência do usuário. Como neste caso não há concorrência e é obrigatório o pagamento você não é visto como cliente. Infelizmente, isso acaba por gerar uma experiência ruim, para não chamar de ridícula.

Bom, a viagem seguiu, chegamos a tempo no Aeroporto, tudo certo. Ao chegar em Recife, já havia locado um carro online. Busquei por indicações e consegui o que achei ser um ótimo preço. A empresa chama-se Budget e a proposta parecia bastante atraente, o problema foram os seguintes: a) Imensa Demora no Atendimento (mais de 55 min) e b) O anunciado não era o oferecido.

A demora se tornou um grande problema visto que chegamos ao Recife por volta das 21h20min já cansados. Conseguimos sair do Aeroporto com nosso carro alugado por volta das 22h45min. O processo demorou bastante por haver apenas um atendente e uma auxiliar, que estava aprendendo. É muito frustrante quando você faz um cadastro enorme via site (online) e precisa refazê-lo em um papel quando chega ao local. Isso aconteceu também no hotel. É mais do que hora das empresas entenderem que a facilidade possível é a facilidade desejada. Ao pegarmos o carro, notei um barulho estranho no motor e ele estava um pouco sujo (lembrando que eles cobram limpeza do carro quando você entrega sujo). Pedi para que o homem verificasse, porém, me informou que eu teria que descer até o balcão e pedir pra alterar. Resolvi não.

Fomos ao hotel, tivemos uma boa noite de sono e, no outro dia pela manhã, fui trocar nosso carro alugado que estava com um barulho estranho no motor. Aqui cabe um elogio ao atendente da Budget, que, diferente do que nos atendeu na noite anterior, foi eficiente, rápido e muito educado. Trocou o carro sem burocracia e em 10 min estávamos prontos para pegar a estrada.

Muitas vezes, uma experiência do usuário é determinada apenas por uma pessoa. Todo o investimento de marketing, propaganda, e-mails, redes sociais, canais de televisão, todo o valor jogado em treinamentos, em criar uma identidade e um slogan são jogados FORA quando aquele que tem o contato com o cliente oferece a este uma péssima experiência.

O maior objetivo de qualquer empresa é ter clientes. São eles que mantém um negócio funcionando, lucrativo e próspero. Todos os investimentos, recursos e planos são em atrair, conquistar e manter clientes. No caso da Budget, eles nos atraíram a atenção, nos convenceram com sua proposta (baixo custo + agilidade) mas, na hora da experiência, quase nos perderam. Por sorte, nosso contato final (ao entregar o carro) foi excelente, rápida e sem burocracia.

Empresas e empresários entendam: O Cliente é Prioridade. A era atual concedeu um poder gigantesco ao cliente e isso é bom. Basta que vocês estejam atentos a essa realidade.

(Continua…)