O marketing é muito mais do que estratégias comerciais e campanhas publicitárias. Bom, pelo menos é o que eu acho. Meu nome é Djeison Moreira, e eu tenho 20 anos trabalhando com marketing. Na minha nada humilde opinião, marketing é relacionamento. Eu acredito nisso e creio que posso provar.
O marketing é um intercurso em constante evolução, onde marcas e clientes se beneficiam quando se concentram em nutrir e fortalecer esse relacionamento. Da mesma forma que um relacionamento é desenvolvido com o passar do tempo e se aprofunda ou acaba de acordo com a forma como os envolvidos desempenham seus papéis, no marketing, marcas e clientes estabelecem uma relação que pode durar e gerar frutos, ou não. Tudo vai depender do desempenho e da experiência dos envolvidos.
Na forma como eu vejo, dividi o marketing de relacionamento em 06 camadas, cada uma representando uma fase no desenvolvimento dessa relação. Essas camadas vão se sobrepondo e se complementando, tornando-se parte do processo da marca e retroalimentando a próxima etapa.
Cada camada ajuda a entender o progresso na relação entre marca e cliente e pode, auxiliar na definição de estratégias específicas em cada estágio. As camadas são:
1. Camada da Paixão: Nesta fase inicial, o objetivo é chamar a atenção do cliente e criar uma conexão emocional. As marcas devem despertar o interesse e a curiosidade para atrair o público. O foco é realizar o primeiro encontro, ou primeira venda.
2. Camada da Conquista: Aqui, a marca busca a segunda interação do cliente, como uma segunda compra. É um estágio de construção de confiança e conquista contínua.
3. Camada do Compromisso (incluindo a Intimidade): Nesta camada, a marca concentra-se em manter o cliente envolvido e satisfeito. A qualidade e o compromisso com o relacionamento são fundamentais. À medida que o relacionamento amadurece, a intimidade se torna uma parte vital. É aqui que o cliente pode tornar público esse compromisso e iniciar indicações sinceras.
4. Camada da Crise: Toda grande marca passará por uma fase de crise que pode ser interna ou externa. Aqui os clientes são filtrados e ajustados, permanecendo aqueles que se firmam como reais e fiéis seguidores da marca.
5. Camada do Amor (incluindo Estabilidade e Reflexão): Aqui, o relacionamento atinge um nível profundo de confiança, estabilidade e reflexão. É a fase em que os clientes se tornam fiéis e veem a marca como parte de suas vidas. Uma vez que a marca alcance essa camada, não há mais como ser removida do coração e das mentes dos seus clientes.
6. Camada do Legado: Aqui a marca já não está mais preocupada apenas com a lucratividade ou as vendas. Seu patamar já alcançou níveis superiores e ela agora pode se dedicar a oferecer atenção e orçamento a projetos além da transação comercial, deixando um impacto duradouro e significativo.
Atenção: as marcas não devem pular camadas ou avançar prematuramente. Cada transição entre camadas deve ser natural e baseada no amadurecimento do relacionamento entre clientes e marcas. Integrar as camadas à estratégia global da marca é essencial para o sucesso.
Um relacionamento de sucesso entre marca e cliente é caracterizado pela reciprocidade e produtividade, mas só é possível com maturidade vindo por parte das marcas.
Nesse cenário, o cliente recebe mais do que inicialmente esperava, experimentando um sentimento de cuidado, apreço e respeito por parte da marca. Em contrapartida, a marca obtém valorização, lucratividade e fortalecimento de sua posição no mercado.
Esses relacionamentos positivos não se limitam aos benefícios para marcas e clientes. Assim como relações afetivas saudáveis contribuem para um ambiente mais harmonioso e podem servir de exemplo para outros, os relacionamentos positivos entre clientes e marcas têm o potencial de transformar o mundo, criando um efeito benéfico que se estende além das partes envolvidas.
Outro ponto que preciso apresentar antes de seguirmos é o seguinte: cada marca, entendendo isso ou não, está inserida em uma camada e deve atuar de acordo com o objetivo central da camada em que está inserido. Poucas coisas podem ser tão danosas para uma marca quanto realizarem movimentos de camadas superiores estando ainda em camadas inferiores.
Se a marca está na camada 02 (Camada da Conquista) e realiza movimentos e campanhas da camada 05 (Camada do Amor) irá, no melhor dos cenários, perder tempo e queimar orçamento. É como aquela cafeteria que já na sua primeira visita te entrega um cartão de fidelidade já no caixa e diz: “olha, completando 10 selos você ganha um café grátis!”. Só que você odiou o café, o atendimento foi ruim, o pão de queijo estava frio e borrachudo e o banheiro não tinha um cheiro bom. Por que diabos você iria querer um compromisso com essa marca? Ainda assim, a marca tenta pular duas camadas e começar a relação direto na camada 03. É claro que não vai dar certo.
Olha só, a marca não abandona as camadas anteriores a medida que alcança novas camadas, ela apenas integra as novas camadas a sua estrutura de marketing ampliando seus objetivos. O desafio é justamente ir progredindo de camada para camada enquanto segue alimentando a camada anterior com novos clientes criando um relacionamento duradouro. Cada camada precisa ser vista como uma etapa que se integra a personalidade da marca e, uma vez consolidada, passa a ser um instrumento para superar seus concorrentes.
É normal, quando vemos algo com escala de 01 a 06, iniciarmos um juízo de valor e querermos escalar rapidamente para o maior. Calma pequeno gafanhoto, o sábio Salomão já dizia que agir sem pensar não é bom e quem se apressa erra o caminho. Na jornada das camadas do marketing, antes de querer escalar é preciso entender que essa jornada precisa ser vista como uma forma de amadurecimento da marca junto ao seu público.
Sei que você está curioso para explorar essa ideia das camadas, mas antes de seguir para o próximo capítulo, deixa eu te dar um pequeno aviso: assim que você absorver essa nova perspectiva, não poderá voltar atrás. Assim como a pílula mágica oferecida no filme Matrix, você abrirá seus olhos para uma nova realidade e nunca mais verá seus clientes da mesma forma.
Vai ser uma daquelas mudanças de jogo que fazem você dizer “PQP!” quando perceber como pode transformar sua relação com seus clientes.
Tem certeza que quer continuar?
Essa metodologia não é apenas uma teoria; é uma observação da realidade e do comportamento das marcas em relação aos clientes.
Djeison Moreira – Especialista em Marketing