Eu estava em Porto de Galinhas – PE em viagem com minha esposa para comemorar o aniversário de casamento. Como é natural, gostamos de comprar presentinhos (lembrancinhas) para amigos e familiares. Na cidade tem um calçadão muito bacana com diversas lojinhas que oferecem as mais variadas opções de lembrancinhas.
Minha esposa adora comprar os produtos desejados pelo menor preço que ela encontrar. É comum ouvir ela tirando vantagem com as amigas por ter comprado um belo casaco por metade do preço que ele vale. Muita gente faz justamente o oposto, mas para ela quanto menor o preço maior o valor. Sendo assim, iniciamos nossa operação “google” em busca dos melhores preços pelos itens que queríamos. E funcionou.
Depois de visitarmos nossa sétima lojinha, encontramos os produtos e começamos a negociar a compra dos presentes. Após uma intensa deliberação e análise das galinhas feitas de cumbuca, os chaveiros e os enfeites de geladeira que iríamos levar, fomos acertar no caixa.
Como de costume pedi um desconto, o que não foi possível, visto que a atendente era impedida de oferecer descontos no cartão (fosse débito ou crédito), porém, segunda ela, no dinheiro era possível oferecer 10%. A compra inicial deu R$ 89. Sugeri então levar mais alguns produtos que somariam R$ 150, se ela me desse o desconto de 10% no cartão de débito. Entre os produtos, dois bolos de rolo (produtos perecíveis). A época em que fomos não é alta temporada, sendo assim, o movimento é baixo. Mesmo assim, não houve negociação. Ou era dinheiro ou não havia desconto.
Agora, para mim, isso não faz nenhum sentido. Veja, a taxa do cartão de débito é de cerca de 2,5% (na Cielo ao menos), a diferença de faturamento nesta venda seria de R$61 a mais. Oferecendo o desconto de 8% que fosse, a loja ainda teria lucro e ganharia. Mesmo assim, a menina preferiu vender menos a dar o desconto que, segundo ela, seria um problema já que o dono da loja determinou que a regra era não negociar.
Sendo assim, decidimos ir retirar o dinheiro. Fomos até o caixa 24h que fica no posto Ipiranga (juro). O problema é que o caixa 24h fica dentro da loja de conveniência do posto que encerra suas atividades as 22h. Sério. O caixa fica aberto, mas a loja que dá acesso não.
Voltamos a loja e decidi comprar no cartão mesmo, mas não levei tudo que poderia, justamente por não haver negociação e nem facilitação alguma. Se eles perdem cerca de R$50 reais de vendas por cliente que tenta negociar imagina o tamanho do valor acumulado que é perdido todos os dias, meses, todos os anos.
Você pode perguntar: “Então o que irá falir meu negócio é falta de negociação?” Não, não é isso que estou dizendo, embora essa afirmação carregue um pouco de verdade, o maior problema não é a falta de negociação. O real problema é outro. Talvez no próximo exemplo você entenderá o ponto que estou abordando.
Dias atrás fui a uma Academia para conhecer e ver preços. Meu irmão indicou e eu fui (veja como a indicação é fundamental no processo de prospecção de novos clientes) mas, não rolou como poderia. Entrei, fui recepcionado por uma senhora com mais ou menos uns 48 anos, embora sua falta de simpatia e cara de quem não queria conversa me fez pensar que ela tinha uns 60. O dialogo foi mais ou menos assim:
Eu:”Oi, gostaria de saber preços e conhecer a academia de vocês.”
Ela:”130 academia, 80 aulas aeróbicas.”
Eu (olhando para ela): “Hum, e esse valor é para vir todos os dias? Se eu vier apenas 3 dias por semana, quanto fica?
Ela (sem levantar a cabeça): “Mesmo preço.”
Eu: “Ok, obrigado”.
Sai de lá com apenas uma certeza: Aqui não vou malhar. O que ela poderia ter feito? Me olhado nos olhos, sorrido, levantado da cadeira, me mostrado a academia, apresentado a algum professor para que me desse mais informações, feito cross-selling ou up-selling, oferecido algum brinde, oferecido uma aula experimental…só pra começar.
O cliente vai até você, rompe a barreira da entrada, recebe indicação e você trata ele como um bosta??? E isso foi um cliente, imagina quantos foram perdidos pelo exercício impróprio do atendimento…
Entendeu?
O real problema, o que pode acabar com seu negócio – e é o que tem falido diversos negócios e exterminado boas ideais – é ignorar o cliente, não resolver seus problemas e nem colocar o responsável pela existência do seu empreendimento como principal foco em cada atividade, processo e oferta.
Seja em Porto de Galinhas ou em Caçador, o maior inimigo dos negócios não é a economia, não é o Temer, nem mesmo a burocracia e a inflação (que são beeeem ruins). Tudo isso é ruim, atrapalha mas, mesmo em tempos de crise muitos negócios continuam fazendo vendas, ganhando dinheiro e lucrando.
O maior problema, o que gera falência com grande eficiência é justamente o fato de que empreendedores, os donos dos negócios, seguem acreditando que ao oferecer um serviço/produto estão fazendo um favor quando deveriam perceber que estão no mercado para RESOLVER PROBLEMAS e GERAR BOAS EXPERIÊNCIAS. O maior problema é ignorar seu cliente e deixar as necessidades dele em segundo plano. É acreditar que qualidade, atendimento e marketing são bobagens que podem ser cortadas sempre que o faturamento diminuir.
Se quiser falir, é só seguir fazendo isso. Vai dar super certo.
#Acorda #FalirÉConsequencia